segunda-feira, 22 de junho de 2009

Canyoning no rio Mizarela

E como este blogue, para além de ter sido criado para falar de coisas que gosto e que me despertam a atenção, também foi criado para postar feitos meus, sejam estes grandes ou pequenos feitos!

E este fim-de-semana, mais uma vez, fiz o canyoning na frecha Mizarela do rio Caima.

O rio Caima inicia-se na Serra da Freita, a nascente da aldeia de Albergaria da Serra, próximo do Junqueiro, onde se dá a junção de vários riachos e linhas de água que nascem, borbulhando, misteriosamente, do ventre do planalto e por este escorrem até confluírem num só.
Com uma extensão de cerca de 50 Km, corre por entre relevo áspero e imponente, despenha-se das escarpas da Mizarela, já na Serra da Arada, prossegue por sucessivas e belíssimas cascatas até ao lugar da Ribeira, cujos campos, em socalcos, rega e daí prossegue até entrar no Município de Vale de Cambra e, depois, no de Oliveira de Azeméis, regando terras e movendo fábricas, até entregar as suas águas, no Rio Vouga, em Sernadas, Albergaria-a-Velha.
Ao longo do seu curso, na descida da Serra, recortando a paisagem, cavou vales profundos e encaixados, cobertos de espesso arvoredo, grande parte dele autóctone. Nele desaguam as belas, rebeldes e tumultuosas ribeiras dos Cabaços e da Castanheira, as quais engrossam, em muito, o seu caudal.

Fazendo agora uma descrição do canyoning propriamente dito, pode-se dizer que o canyoning começa com um pequeno percurso num rio de águas calmas, que nos permite a adaptação á água.
Mal nos aproximamos da primeira grande queda de água com cerca de 80m, a adrenalina começa a vir ao de cima. É nessa altura em que as expressões faciais das pessoas começam a ser mais distintas. Uns sorriem com um brilho nos olhos, outros ficam com um ar sério e muito apreensivo.

A queda de água pode ser descida num único lanço de corda, ou então em dois. Efectuando dessa forma uma mudança de corda mais ou menos a meio da descida.
Mesmo em questões de um possível socorro seria mais fácil trabalhar com um ponto fixo intermédio do que com um único ponto inicial de segurança. O rappel pode ser montado com duas cordas, fazendo descer duas pessoas em simultâneo, uma mais experiente com uma menos experiente.

A mudança de corda a meio faz com que se evite o peso de 100m de corda molhada, podendo assim os mais aventureiros descer a maior velocidade pois têm menos peso de corda a travar a sua descida.
Numa pequena paragem a meio as pessoas podem descontrair um pouco mais. Podem desfrutar por mais uns segundos a bonita vista que um vale serpenteado por um rio tem para nos oferecer. Um rio repleto de pequenas quedas de água e margem cobertas de vegetação.

Posso-vos dizer que efectuando o rappel mesmo pelo ceio da água sente-se a força brutal desta como toda a sua pressão. Por vezes encontramo-nos em saliências na parede granítica ficando entre a parede e a coluna de água. Já sem estar-mos a ser fustigados pela água podemos respirar um pouco melhor…uma sensação e visão indescritível, ver todo aquele caudal a passar por ti, colocares o ter braço na corrente e sentir que a água quase o arranca com a sua força!

Depois de descida a queda de água existe um salto para uma lagoa. Após vários anos em que olho lá de cima e na hora da verdade nunca salto, mas lá foi este ano que consegui vencer o meu medo!
Não é um dos saltos mais altos que já fiz. Faço outros rios em que já venci grandes saltos, também eles com uma altura considerável.
Este tem a particularidade de ser necessário um bom impulso para a frente, pois entre o salto e a lagoa existe rocha para ser vencida…e sempre tive receio de que o meu impulso não fosse o suficiente para chegar á água e me deixa-se ficar pela rocha!

A lagoa do salto costuma ser muito frequentada nesta altura do ano, pois o calor leva as pessoas a procurar água para se refrescar.
O facto de haver no momento muita gente a olhar para mim e para mais dois ou três maluquinhos lá em cima, ajudou a eu tomar a decisão final que é dar aquele ultimo passo para o vazio…
Depois desse momento, depois de dar o ultimo passo, é só curtir e desfrutar por breves segundos da sensação.
Um arrepio, uma barriga com um friozinho, com um coração acelerado, com a adrenalina no seu auge entra-se na água a uma velocidade tal que te leva a alguns metros de profundidade. Depois é só sair da água e desafiar os amigos a fazer o mesmo. No final há sempre história para o grupo se rir!

Continuando no rio…depois deste salto o percurso pode terminar com uma subida por um trilho estreito e fechado pela virgem natureza. Mas existe a opção de se continuar a descer o rio, e desta vez foi o que fizemos.

A partir daqui já não existe assim nenhum pormenor que leve a haver grandes hesitações. Encontramos um rio sempre com águas limpas e puras, e cerca de meia dúzia de quedas de água para rappelar. Umas mais altas e outras mais curtas que se na lagoa a jusante houvesse profundidade suficiente até seriam feitas com pequenos saltos.

Este canyoning termina com uma grande caminha a carregar todo o material até ao ponto inicial. São cerca de 3Km a caminhar com pendentes superiores a 40º. Mas como não somos novatos nas andanças, inicialmente levamos lá um carro para depois poder subir de forma mais confortável!


E todo o trabalho de cordas, caminhadas, carregar mochilas entre outras coisas como o trabalho em equipa serviu mais uma vez como um pequeno treino e preparação para a ascensão ao Mont Blanc.

De referir que esta zona é muito bonita para se poder fazer umas caminhadas, acampar, andar de bicicleta e mesmo escalar. Mesmo junto á queda de água existe uma via já escalada por muita gente, mas eu ainda não tive o prazer de o fazer. Contudo pareceu-me ser acessível, e como me foi aconselhada por um amigo, deixo aqui, mesmo sem a ter escalado, o concelho para a fazerem. Fica no lado esquerdo do rio no sentido montante para jusante.

Uma imagem muito dificilmente consegue representar uma queda de água de 80m, pois não se ouve nem se sente toda aquela constante massa de água. Para alem da queda inicial, au longo do rio encontramos outrasde menor dimenção.
Esta é uma pequena amostra do que se pode encontrar na Frecha da Mizarela. Seguem-se agora alguns momentos dignos de registo.

































6 comentários:

  1. para a próxima avisa que eu alinho, abraço

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  2. Não falho...para a proxima aviso!
    Abraço

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  3. A tua descrição está muito fixe!
    De todas as aventuras em que já "embarquei" esta foi, sem dúvida, a mais emocionante e a mais completa!
    Mais uma vez enfrentei medos, muitos medos, mas cheguei ao fim com a sensação de dever cumprido!
    Beijinhos
    Patrícia (do Simão)

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  4. Dever mais que cumprido, e sem duvida que fazer a maior queda de água da Peninsula Iberica já não é para qualquer um!
    Gostei de poder ter a vossa presença nesta actividade, sem sombra de duvidas que momentos assim se irão repetir.

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  5. Fotos ESPECTACULARES!!!!

    Parabens...

    Saudações montanheiras

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  6. Ha sitios onde é muito facil conseguir boas fotos :P

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Quem sou?

Chamo-me Tiago e deu-me para criar um blogue...Sou um apaixonado pela vida, dou valor a coisas simples e verdadeiras...como por exemplo a Natureza. Adoro desporto, adrenalina, caminhar, fotografar, estar no seio da Natureza, estar com os amigos...
Nasci em 83 e adoro a minha geração, profissionalmente estou no ramo da engenharia do ambiente (formado na FEUP). Sou da cidade mais bonita do país, Santo Tirso. Resta-me dizer que vou tentar colocar novidades neste meu espaço, pois 'O Meu Blogue' irá reflectir um pouco das coisas que faço e que me chamam a atenção. Mesmo que não o actualize muito tem um leque enorme de sites e blogues que diariamente visualizo...aconselho ;)